Everspace 2 é maior que a soma de suas partes

O jogo perfeito para jogar nas férias.

O diário de bordo a seguir foi recolhido de um contêiner à deriva em um campo de asteroides no Sistema Ceto, em coordenadas inespecíficas entre o Mar da Sereia e a Órbita do Sol Frio. 50 mil créditos válidos em toda a DMZ são oferecidos a quem puder identificar o paradeiro do autor – esteja ele vivo ou morto, de férias ou em suspensão criogênica.

23 DEZ 23: 1327 – Campo de Destroços

DIA 1 > Sistema Ceto | Everspace 2

Sic parvis magna. Esse era o lema do capitão Francis Drake, primeiro navegador inglês a dar a volta ao mundo no século XVI. “Coisas grandes começam pequenas”. Espero que seja um lema aplicável também às navegações intergalácticas, pois a espaçonave sob meu comando é pequena, muito pequena – basicamente um motor com asas. Compactado dentro da cabine, sozinho no espaço em minha primeira missão real, movimento a nave de um lado a outro e de cima a baixo para testar minhas habilidades de locomoção. Logo fica claro que minhas habilidades de locomoção são péssimas. A nave mergulha para a frente e para baixo e para cima e para os lados sem qualquer elegância, parecendo-se menos com um cruzador espacial do que com um pirocóptero high-tech. É difícil dominar os controles, mas estou disposto a perseverar.

Sic parvis magna. Minha nave parece minúscula contra o gigantesco planeta à frente, para onde aponta o objetivo desta minha primeira missão de verdade. Pressiono o gatilho esquerdo do controle para acionar o motor a jato. O arranque explosivo empurra minhas costas contra o sofá enquanto sete quilômetros de distância são cobertos em poucos segundos. Quase posso sentir a força-G deformando meu rosto. Sem aviso, à minha direita e esquerda surgem pontos vermelhos para indicar a aproximação de naves inimigas. Alguém zomba de mim pelo comunicador e, tarde demais, percebo que fui emboscado. Desvio como posso do fogo inimigo, mas acabo sabotado por minha própria inabilidade. Os disparos estalam ao encontrar a fuselagem da aeronave e por pouco não sou abatido.

Mais por sorte do que por mérito próprio, consigo contornar minha inaptidão e derrubar dois caças inimigos antes de superaquecer as armas primárias. É hora de acionar o botão vermelho. Pressiono o direcional para cima e minha nave se torna um redemoinho feroz de raios elétricos e rajadas de energia que consome em explosões crocantes os inimigos ao redor. Quando a última nave é destruída, um silêncio poderoso toma conta dos fones de ouvido, interrompido apenas pelo funcionamento irregular das turbinas à medida que navego pelos destroços, reclamando os espólios da batalha. Minha primeira missão de verdade foi bem-sucedida, mas tenho ainda uma galáxia inteira pela frente.

Sic parvis magna. Grandes aventuras começam em pequenas espaçonaves.

26 DEZ 23: 1011 – Planícies de Néftis

DIA 3 > Sistema Ceto | Everspace 2

Confesso que as primeiras horas com Everspace 2 ativaram minha ansiedade: são muitas abas no menu, com múltiplos números, títulos e descrições pipocando em cada seção. Há diversas mecânicas para assimilar: compra e venda de acessórios, desmontagem de peças, reaproveitamento de recursos, criação de itens, atualização de armas, mineração, melhorias da nave, expansões de mainframe… Mas a verdade é que todo esse ferramental é organicamente compreendido e dominado no decurso da campanha. Antes que percebesse, eu havia me tornado um especialista.

Com menos de dez horas de jogo, já me sinto familiarizado com a coisa toda. Agora mesmo, enquanto vendo quinquilharias para um comerciante nas montanhosas Planícies de Néftis, posso dizer com propriedade que prefiro este impulsor de cruzeiro àquele impulsor de recarga; um autocanhão giratório em vez de um canhão de Gauss; este sensor no lugar daquele. Em um minuto vendo tudo aquilo de que não preciso, reabasteço a nave e, cinco mil créditos mais rico (e todo um inventário mais leve), levanto voo em busca de minha próxima missão.

26 DEZ 23: 1151 – Ferida de Palaemon

DIA 3 > Sistema Ceto | Everspace 2

Antroponauta para o controle da missão! We have a problem. Uma extenuante batalha contra foragidos espaciais exauriu meus recursos e deixou o casco da aeronave mais fino que cartolina. Trocando para a visão em primeira pessoa, posso ver rachaduras percorrendo o vidro da cabine onde me abrigo, um toque especial aplicado pela Rockfish – estúdio alemão responsável por Everspace 2.

Planando no espaço, avalio os danos recebidos pela fuselagem da nave enquanto um planeta semidestruído repousa colossal a poucos quilômetros de distância. Eu e ele, avariados por sucessivos confrontos, ambos flutuando à deriva na infinitude do espaço sideral – ambos sozinhos a sua própria maneira. Investigo o mapa para me localizar: estou na Ferida de Palaemon, antigo planeta de mineração vitimado pelo pior massacre civil da Guerra Okkar-Colonial. Pelo que consta nos dados a que tenho acesso, um esquadrão de ataque incendiou enormes quantidades de aetheum dentro dos cofres coloniais anos atrás, explodindo metade do planeta.

O universo de Everspace 2 é (literal e metaforicamente) riquíssimo. O jogo transborda informações sobre suas localidades, personagens e eventos. Nenhuma delas é obrigatória para se desfrutar do jogo, mas ajudam a contextualizar o cenário e as situações vividas, oferecendo maior estofo à narrativa – narrativa esta, aliás, muito melhor do que eu esperava inicialmente.

É claro que a história contada em Everspace 2 serve essencialmente para justificar as inúmeras sequências de ação, coleta de recursos e missões de leva e traz que preenchem a campanha. É claro que estou aqui muito mais pela adrenalina das dogfights e pela exploração espacial do que pelo enredo. Ainda assim, a Rockfish acertou em cheio no tom da aventura: os personagens são bem-humorados sem parecerem caricatos; os diálogos são abundantes, mas cuidadosamente escritos; e o jogo sabe exatamente quando imprimir seriedade à trama ou, ao contrário, tornar a narrativa leve e descontraída.

Merece destaque a interação entre Adam, o protagonista, e a sarcástica inteligência artificial da nave, EVIH, com quem travamos a maior parte dos diálogos ao longo do jogo. EVIH (Entidade Virtual de Interface Humana) é uma espécie de mordomo britânico como J.A.R.V.I.S., do Homem de Ferro, mas com todo o mau humor e pessimismo de Marvin, o androide paranoide criado por Douglas Adams.

Enquanto reflito sobre a bela criação da Rockfish e observo o cenário ao redor, tentando pensar no lugar mais próximo para atracar minha nave antes que ela exploda, EVIH subitamente me retira do meu torpor com um de seus chistes infames:

“Você desistiu? Devo desativar o suporte à vida para poupar energia?”

Não consigo segurar um sorriso enquanto engato a primeira marcha, manobro a nave e aciono o dispositivo de salto rumo à Bacia de Caríbdis. Jamais me cansarei das piadas de EVIH, mesmo que eu seja o alvo de todas elas.

28 DEZ 23: 1355 – Porto Estelar Noah Damaris

DIA 5 > Sistema Union | Everspace 2

Nos últimos dias, ignorei as missões da campanha para, como um bom capitalista interestelar, trabalhar e acumular créditos a fim de comprar uma nave melhor – quero algo mais magna e menos parvis. Há diversos contratantes oferecendo serviço para quem sabe onde procurar. Nas últimas horas, atuei como entregador de lámen, transportei roupas de um sistema a outro, reduzi bases inimigas a cinzas e, não me envergonho em dizer, especializei-me como assassino de aluguel, derrubando naves em troca de créditos ao melhor estilo mandaloriano de ser, tudo para comprar uma caranga melhor – this is the way.

No último trabalho, fui emboscado por um poderoso grupo de assalto em um campo de asteroides cercados por minas de proximidade. Para os piratas espaciais que me atacaram, aquele foi seu último voo. Para mim, apenas outra quinta-feira.

28 DEZ 23: 1548 – Estação Retransmissora Ayres

DIA 5 > Sistema Union | Everspace 2

A gameplay de Everspace 2 consiste fundamentalmente no seguinte ciclo: cumprir serviços e missões para ganhar dinheiro e comprar equipamentos melhores, o que permite cumprir serviços e missões com maior eficiência para ganhar mais dinheiro e comprar equipamentos ainda melhores. Seria um sistema sacal, não fosse a já elogiada narrativa do jogo, que enverniza com caráter aventuresco essa lógica cíclica de progresso.

Também colabora para manter o frescor da jogabilidade o massivo número de tarefas a serem realizadas, bem como a diversidade de cenários – de planetoides destroçados e estações abandonadas a pontos de mineração e cidades flutuantes, passando por campos minados e bases estelares com seu próprio cassino, restaurantes e iluminação néon.

Boa parte das missões envolve o combate direto contra caças e naves de variados calibres, mas há muito mais para se fazer além de trocar tiros no espaço: minerar asteroides e planetas para obter recursos, explorar cavernas em busca de segredos, concluir os supracitados contratos freelance, atender a pedidos aleatórios de socorro, vencer corridas do tipo contrarrelógio e, o que talvez seja uma de minhas atividades favoritas, resolver puzzles ambientais.

Não sou um grande fã de quebra-cabeças em videogames – já passo tempo demais raciocinando fora deles –, mas não pude ignorar os puzzles de Everspace 2. Primeiro porque eles são intrínsecos à experiência de jogo (é preciso solucioná-los para encontrar armas, equipamentos etc.), mas também porque são muito gostosos de se decifrar. Há todo tipo de quebra-cabeça: desde acionar botões em uma sequência correta até encontrar baterias, runas e esferas de energia que ativam certos dispositivos. A graça dos quebra-cabeças é que se baseiam muito na ludocinética do jogo, explorando o que há de melhor em Everspace 2: sua movimentação e a forma como nos deslocamos pelo cenário.

Dividindo minha atenção entre puzzles, mineração espacial e combates aéreos, quase não vejo o tempo passar. O Sol percorre um arco vertiginoso do lado de fora da janela enquanto minha bunda cria raízes no sofá da sala.

Ao entardecer, finalmente consigo fazer um bom negócio com um comerciante na Base Estelar de Prescott e troco meu fusqueta espacial por uma nave de verdade. Poucas horas depois, negocio essa mesma nave por outra ainda melhor, e esta por outra, até que esteja cruzando as estrelas em um tanque de guerra com bancos de couro e ar-condicionado a milhões de quilômetros por hora universo adentro.

Sic parvis magna”, diz o adesivo no meu para-choque.

29 DEZ 23: 1402 – Cephas Downs

DIA 6 > Sistema Union | Everspace 2

É uma sensação imersiva e satisfatória voar pela galáxia em Everspace 2. Existem três classes de aeronaves (leves, médias e pesadas), e várias subcategorias dentro de cada classe, com recursos e estatísticas distintos o suficiente para tornar a experiência de pilotagem única para cada uma.

Porém, a manobrabilidade de todas é igualmente complexa. Acontece que mover a alavanca direcional do joystick para a frente impulsiona a espaçonave para cima (e não adiante), enquanto puxá-la na direção contrária a direciona para baixo (e não para trás) – um movimento bastante contraintuitivo. É possível modificar o esquema de controles no menu, mas a configuração alternativa consegue parecer ainda menos eficiente, de modo que assumi a responsabilidade de simplesmente me adaptar aos comandos e melhorar minha proficiência.

Batendo as 20 horas de jogo, posso enfim dizer que houve um avanço considerável em minhas habilidades de navegação. Ainda não me adaptei 100% aos controles, e vez por outra arranho a pintura da nave ao fazer a baliza ou desviar de um asteroide – mas nada que algumas horas de combates intensos e perseguições interplanetárias não sejam capazes de resolver, certo?

30 DEZ 23: 0917 – Rastro da Carroça

DIA 7 > Sistema Union

Com 25 horas de jogo, acabo de atingir a marca de mil inimigos abatidos.

Acho que já posso tirar meu brevê.

30 DEZ 23: 1640 – [7,301,484 | 62,961]

DIA 8 > Sistema Union 

Com 30 horas de jogo: “Agora eu me tornei a Morte, a Destruidora de Mundos”.

06 JAN 24 : 0856 – Estação de Mineração de Vesna

DIA 13 > Sistema Zharkov | Everspace 2

Eu amo o cheiro de propulsor de foguete pela manhã.

Com mais de 50 horas de jogo, estou confiante o bastante para dizer que Everspace 2 é um dos games mais divertidos lançados em 2023. Curiosamente, parece que foi ignorado pela vasta maioria das listas de melhores do ano, o que é um pecado. Sua repercussão limitada parece caracterizá-lo como um jogo de nicho, o que não poderia estar mais longe da verdade: Everspace 2 atende a todos os requisitos de um blockbuster. Tem gráficos de ponta, uma jogabilidade soberba, história cativante e excelentes diálogos.

Além disso, para o bem ou para o mal, rende dezenas de horas (fora todas as atividades opcionais que podemos realizar fora da campanha). Isso é especialmente positivo para quem tem muito tempo disponível e gosta de se engajar em longas sessões de jogo – aliás, este é o game perfeito para ser desfrutado nas férias, quando pequenices como trabalho e mundo real podem ser ignoradas por longos períodos. Por outro lado, pode ficar um tanto arrastado para quem dispõe de pouco tempo diário, tornando-se facilmente um daqueles jogos que levamos meses para concluir. Mesmo agora, já tendo atravessado mais da metade da campanha, continuo sendo constantemente apresentado a novos personagens e arcos narrativos, e dois sistemas inteiros permanecem inexplorados.

Oficialmente, a Rockfish diz que a missão principal (sem considerar as side quests) pode ser concluída em 30 horas, mas isso não é bem verdade. Cada missão exige um nível específico para ser concluída. Se estiver um ou dois níveis abaixo do recomendado, prepare-se para suar a camisa. Jogando na dificuldade Difícil (a Normal é fácil demais), fui diversas vezes obrigado a interromper meu avanço na main quest para cumprir trabalhos e missões secundárias a fim de subir de nível – dediquei tardes inteiras ao grind sem que houvesse qualquer avanço na história principal.

Aqui e ali fica visível alguma barriga na experiência. Em mais de uma ocasião, por exemplo, o jogo me instruiu a voltar à base principal somente para ouvir diálogos travados pelo rádio. Pelo tamanho do mapa, deslocamentos como esse exigem saltos através de diversos sistemas (a viagem rápida somente é liberada nas horas finais de jogo), o que demora pelo menos dez minutos viajando em linha reta. Pior: encerrado o diálogo, o jogo me orientava a retornar ao ponto onde estava anteriormente, a dois ou três sistemas de distância – fazendo escorrer pelos meus dedos outros dez minutos de deslocamento. Fica a pergunta: se bastava uma conversa pelo rádio, por que precisei viajar até a base?

Felizmente, situações como essa não são regulares a ponto de se tornar um problema. Mas, considerando a duração do jogo e o tamanho do mapa, podem deixar um gosto amargo na boca de quem preferia gastar esses 20 minutos explodindo espaçonaves, fazendo acrobacias aéreas ou comercializando contêineres de destilado.

08 JAN 24: 1835 – Eshahar

DIA 15 > Sistema Aethon | Everspace 2

Antroponauta para Major Tom! Você pode me ouvir, Major Tom?

Estou na reta final para concluir a campanha. Minha sobrevivência é incerta, mas tudo o que importa agora é terminar o jogo e encerrar este texto – afinal, há uma galáxia de outros jogos na fila esperando por mim. Depois de três semanas de intensas batalhas e quebra-cabeças espaciais que deixaram meus glúteos impressos no sofá, chegou a hora da verdade. A última missão. O fim. Zefini.

Se eu não sobreviver, quero que os leitores do Antropogamer saibam que fiz tudo ao meu alcance para entretê-los em vida – incluindo mais de 300 cliques no Modo Foto em busca das melhores imagens para ilustrar este diário de bordo.

“O planeta Terra é azul e não há nada que eu possa fazer.”

08 JAN 24: 1909 – Rhodia II

DIA 15 > Sistema Ceto | Everspace 2

Somando pouco mais de 60 horas de jogo, finalmente terminei a campanha de Everspace 2. E digo “finalmente” porque, após todo esse tempo, eu já estava há alguns dias pronto para ver os créditos rolarem. Não me entenda mal: o jogo é fantástico. Ainda assim, gostaria que fosse um pouco mais enxuto, ou que ao menos permitisse concluir sua história principal sem apelar ao grinding. As últimas missões da campanha são inventivas e emocionantes (apesar de quedas abruptas de frame rate no PS5), mas o tempo que precisei gastar subindo de nível antes de chegar a elas prejudicou o ritmo do terceiro ato.

Claro, é tudo uma questão de preferência: eu gosto de jogos mais focados, idealmente não excedendo as 30 horas, mas sei que há muita gente faminta por games de longa duração. Se esse for o seu caso, saiba que estará bem servido. Além das missões principais, fiz quase todas as secundárias. Entretanto, deixei vários puzzles por resolver e muitos planetas inexplorados. Creio que a duração total do jogo, para ver tudo o que ele tem a oferecer, alcançaria facilmente as 100 horas – sem falar nas “dungeons espaciais”, potencialmente infinitas, que são liberadas ao fim da campanha.

Isso posto, devo dizer que Everspace 2 consegue ser notavelmente bem-sucedido em todas as áreas pelas quais transita: é ao mesmo tempo um excelente RPG de ação e um looter shooter robusto que envolve mineração, exploração espacial e uma interessante narrativa sci-fi em uma combinação explosiva, executando com louvor tudo aquilo que se propõe a fazer. Se tanto, o jogo peca mais pelo excesso – de atividades, áreas, quebra-cabeças e personagens – do que pela falta, o que de modo algum é um demérito.

Everspace 2 foi uma grata surpresa, e me admira que não tenha recebido mais atenção da crítica no ano passado. Desde o design de som até o cuidado com a iluminação, tudo transpira o amor e a dedicação de seus desenvolvedores pelo projeto. Após três semanas jogando quase diariamente, estou mais do que satisfeito com minha experiência interestelar no universo criado pela Rockfish.

Sobrevoei as nuvens pálidas da Órbita Gasosa de Devana e os vulcões impiedosos da Central Térmica de Alpha Draco. Mergulhei nas águas geladas da Base Naval de Gilbert, encontrei a ossada de um Leviatã na Órbita de Kosh e decifrei enigmas ancestrais na Falha Athoriana. Fotografei as águas-vivas da Nebulosa de Khaït e batalhei ao lado da Coalizão nos asteroides congelados do Cinturão de Quimper.

Foi uma longa e truculenta jornada enfrentando os perigos espaciais que rondam a DMZ (Zona Desmilitarizada, região onde se desenrola o jogo), e levarei comigo boas lembranças para minha aposentadoria de patrulheiro espacial.

Sic parvis magna. Eis outra verdade: toda grande aventura também precisa chegar ao fim. No entanto, antes que eu possa desligar o videogame e encerrar este texto, um imenso portal se abre como um globo ocular rasgando o tecido do espaço-tempo à minha frente, convidando-me para uma nova rodada de explosões, manobras e tiroteios frenéticos em uma fenda espacial perdida entre mundos. Sem que eu possa evitar, minha nave é tragada para outra dimensão enquanto meus dedos procuram instintivamente os gatilhos do controle, ansiosos por mais um combate, e digo adeus à minha aposentadoria.

Sic parvis magna. Grandes aventuras nunca terminam de verdade.

 

 

Este texto foi produzido com uma cópia gentilmente cedida pela Rockfish.

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