NSFW: festa do cabide em Baldur’s Gate 3

Só para maiores.

Parece que o mais novo objetivo dos speedrunners de plantão é ver quem consegue transar primeiro em Baldur’s Gate 3. O jogo permite gastar algum “tempo de qualidade” com praticamente todos os seus companheiros de equipe, ainda que a ação propriamente dita possa demorar um pouco para acontecer. Dependendo da escolha que o jogador fizer, “conhecer melhor” seus companheiros pode dar mais ou menos trabalho – Shadowheart (Umbralma), por exemplo, exige toda uma cerimônia, enquanto o mago Gale está praticamente tirando a cueca pela cabeça. Pelo que me consta, no momento em que escrevo este artigo, o recorde mundial é de um speedrunner que conseguiu acasalar em (rufem os tambores) apenas dois minutos, e só consigo me perguntar quantos milissegundos durou o sexo propriamente dito.

Quanto a mim, demorei precisamente 78 h 54 m para conseguir “um pouco de diversão”, e não me orgulho do que precisei fazer para isso.

TIRANDO A CUECA PELA CABEÇA

Gale é, acima de qualquer suspeita, o personagem mais carismático da equipe que reuni ao longo do jogo. Ele não é vaidoso como Astarion ou xarope como Shadowheart. Não tem o heroísmo canastrão de Will nem a frieza de Lae’zel. É um personagem na medida, feito para ser imediatamente apreciável. É um cara engraçado e gentil, mas também inteligente e poderoso. O único problema é que ele ficou o tempo inteiro dando em cima de mim, o que já estava me deixando constrangido – e por favor, compartilhe sua experiência comigo nos comentários se isso também aconteceu com você.

Começou em uma noite no acampamento, enquanto ele me ensinava a conjurar a “Trama”, uma invisível rede de poder que serve como combustível para os magos lançarem seus feitiços. Até aí, tudo bem. Mas logo a conversa descambou para opções bastante íntimas nas quais eu não estava interessado, e fui obrigado a dizer boa-noite. O problema é que, a despeito de todas as minhas esquivas e firmes recusas a “aprofundar nossa intimidade”, Gale nunca mais parou de me olhar com outros olhos.

Já os meus olhos estavam voltados para outra. Por um tempo, meu interesse romântico foi a demônia Karlach, apesar (ou quem sabe justamente por conta) dos chifres e da pele vermelha. Contudo, a oportunidade de uma aproximação entre nós nunca veio, e fiquei a ver navios. Assim, longas semanas se acumularam dentro do jogo sem que, para minha tristeza e decepção, ninguém tentasse me tratar como objeto sexual – exceto Gale, que incapaz de entender o recado (ou simplesmente se fazendo de tonto) continuou querendo avançar para a próxima base, tentando sem sucesso ser mais do que um bom amigo.

Mas tudo isso mudou quando da festinha.

A FESTINHA DE BALDUR’S GATE 3

Após concluir a missão principal do primeiro ato de BG3, como forma de agradecimento e comemoração, os druidas e tieflings organizaram uma festa em meu acampamento, com muito vinho (talvez até demais), canções inspiradas e diálogos saídos diretamente de um filme pornô de baixa qualidade, de onde veio grande parte dos eufemismos para sexo que usei no primeiro parágrafo.

De repente, todo o tesão acumulado na estrada veio à tona. Enquanto conversava com cada um dos NPCs e companheiros de equipe que se espalhavam ébrios pelo acampamento, tive certeza de que alguém havia batizado a bebida. Não era possível: personagens com os quais eu mal havia trocado meia dúzia de ofensas agora pareciam altamente suscetíveis a “dividir a cama” comigo.

Até mesmo a indócil guerreira Lae’zel, que por um infortúnio do destino só fui resgatar no final do primeiro ato – e, portanto, me conhecia a não mais que um par de dias – estava escalando as paredes e disposta a fazer loucuras. Pois ora: resolvi aproveitar. Depois de quase 80 horas de seca, eu estava pronto para tirar o atraso – e o melhor de tudo é que poderia escolher quem eu quisesse. Um brinde à promiscuidade!

Aproveitei o momento para ser franco com Gale e interrompi seus avanços de uma vez por todas (ou assim espero), depois fui trocar dois dedos de prosa com Karlach. Assim como eu, ela parecia disposta a “se perder até o amanhecer” (parece letra de axé, mas juro que está dentro do jogo). Avancei pelas opções de diálogo enquanto a conversa esquentava cada vez mais. Porém, o papo ficou tão quente que a formosa chifruda se sentiu na obrigação de me lembrar sobre o mecanismo infernal que fazia as vezes de coração em seu peito, tornando impossível para qualquer homem aguentar (literalmente) o calor do fogo que ardia dentro dela. Achei melhor não me queimar. Decidi que ficaríamos melhor sendo apenas amigos, saí pela direita com a desculpa de buscar mais bebida e segui reto para minha segunda opção, Shadowheart, com quem passei o resto daquela promissora noite.

Um cavalheiro nunca conta, certo? Errado. Isso porque Shadowheart e eu ficamos a noite toda enchendo a cara de vinho sem jamais chegar às vias de fato. Foi aquele romantismo de quinta série: ela disse que gostava de mim, eu disse que gostava dela. O sol já estava quase nascendo… Era hora de tentar um avanço – mais vale o pior dos amassos que o mais belo pôr do sol. Já aos 45 do segundo tempo, chutei o balde e acertei na trave: consegui lascar uma beijoca singela, mas ficamos por isso mesmo. Que era alguma coisa, isso era – mas eu continuava no zero a zero.

Logo, não foi de se admirar que, duas noites depois, quando a indômita Lae’zel me acordou no meio da madrugada com a proposta de me “saciar e ser saciada”, eu tenha hesitado por absolutamente zero segundo antes de me jogar em seus braços torneados. Quem sabe se meu personagem fosse um monge ou clérigo, vá lá, eu até pensaria em me resguardar. Mas Yohan, assim como sua contraparte na vida real, é um bardo – um homem das artes, que vive para experimentar os prazeres hedonistas do mundo material. Além disso – pensei enquanto seguia a mulher-orc para um cantinho escuro e reservado do acampamento –, ninguém poderia me garantir que Shadowheart não estava naquele mesmo instante dormindo com Halsin, o homem-urso, ou com aquele fala-mansa do Will. Afinal, não havíamos estabelecido qualquer contrato de fidelidade, eu e ela – e um bardo deve ser capaz de dançar conforme sua própria música.

E, meus amigos, como eu dancei naquela noite!

ANTES TARDE DO QUE MAIS TARDE

Muitas horas depois, ao raiar do dia, Lae’zel estava satisfeita e parecia já pouco interessada em mim. Foi quando me dei conta de que eu era apenas um brinquedo sexual em suas mãos cheias de calos. Refleti muito profundamente a respeito daquilo e decidi que não, de jeito nenhum, sob qualquer circunstância, eu não tinha do que reclamar. Aquele arranjo estava ótimo para mim, desde que ninguém ficasse sabendo – já pensou ser associado a uma guerreira militarista de direita?

Enquanto Lae’zel se afastava, abandonando-me totalmente nu sob o sol da manhã, senti meu corpo dolorido (palavras da narradora), mas também revigorado. Agora sim eu estava pronto para prosseguir em minha aventura por Faerûn, tendo enfim conhecido o toque de uma mulher (ainda que verde; ainda que de direita).

Quando caímos outra vez na estrada e tomamos o caminho que nos levaria ao Ato 2 de nossa aventura, voltei a pensar nos sexrunners de Baldur’s Gate 3 e me perguntei se não haveria uma competição para aqueles que mantiveram o celibato por mais tempo.

Eu certamente estaria entre os campeões.

Logo atrás desse cara.

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